09/05/2011

Jovens índios com acesso à internet questionam ritos dolorosos

A maioria dos índios adolescentes esperneia e chora. Serão tatuados à força no rosto com espinhos. Os jovens ikpengs do Xingu, que conhecem a cidade e gostam do Facebook, sabem que há lugares em que isso não existe.
Não há, claro, anestesia. Tudo acontece a seco. Trata-se de apenas um dos rituais dolorosos de iniciação na vida adulta que os jovens índios agora questionam.
Também no Xingu, há meninas que ficam mais de um ano reclusas ao menstruar pela primeira vez. Um pouco mais longe, no Amazonas, meninos enfiam a mão em luvas repletas de formigas venenosas.
Mutuá, 13, é um dos que passaram pela tatuagem e reclamam. "Judiaram de mim, e eu era pesado para que me segurassem" --no caso dos ikpengs, em geral os índios são surpreendidos quando ainda estão dormindo.
O ritual continua acontecendo, queiram os jovens ou não. "Na minha vez eu também não queria, mas quando te pegam não tem como fugir", admite uma das lideranças da tribo, Kumaré Ikpeng.
No Xingu, onde Kumaré vive, o mundo não indígena, porém, está cada vez mais presente --e o impacto é mais forte entre os adolescentes. 
Por todo lado, por exemplo, há laptops e celulares. "Além disso, os homens têm muito contato com o mundo, viajam, estudam, muitos trabalham para a Funai", diz Sofia Madeira, antropóloga e doutoranda pela Unifesp. 

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